quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Magia



Entrelaço-me no teu abraço cálido e ternurento,
E cerro os olhos, enquanto pressinto os teus lábios ávidos
Que encerram o beijo que aguardava.
E perco-me em ti, sem pressas,
E nas cores do teu sorriso alcanço a plenitude que é só nossa,
E sigo a magia da tua energia, que me alimenta a alma e o coração.

Esmy



sábado, 17 de setembro de 2016

Mistérios




Hoje passeaste pelas minhas memórias, que embrenharam as minhas leituras e as transformaram em meras palavras. 

Pedi-te, com gentileza, que saísses, mas já dominaras o meu consciente e nada podia fazer, senão conversar com a tua amargura, que não era mais minha.

A serenidade que me preenchia não se compadecia com cores pálidas, mas apenas com a candura de um rosto, que um dia fora o motivo de muitos sorrisos.

Não podia negar o desapego, a ausência, mas a tua voz martelava desesperada, como um apelo que me comoveu. 

Afaguei com delicadeza o teu rosto distorcido pela dor e escutei-te em silêncio, enquanto despejavas gritos silenciados e lágrimas contidas. 

E assim fiquei até te desvaneceres num horizonte, que já não alcançava...

Esmy 






domingo, 11 de setembro de 2016

Palavras para quê?



Ilustração de André Carrilho para o DN de hoje.

Palavras para quê?...

Esmy 

Eyes closed





Colei no teu, o meu rosto gelado pela brisa do mar,
E acedi que a chama, que imanavas, me aquecesse por instantes,
Afaguei,com delicadeza, o teu rosto trigueiro e reluzente
Enquanto absorvia a lisura do teu sorriso esplendente,
E me permitia a sensação da leveza do teu toque,
Cerrando os olhos lentamente para a mente e o corpo
Turbilharem de emoção...

Esmy

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O convidado canino


Como já aqui referi tenho 3 gatos, cada um com as suas características próprias. Adoram o seu espaço, a sua dona, mas acima de tudo são a melhor companhia que poderia desejar.

Pois, a novidade e movimentação iniciou-se ontem com a chegada de um lindo lavrador, negro como os tições, ainda que provisória e a pedido de uma querida amiga, que se ausentou por uns dias.

Já imagino a vossa mente a refletir sobre a doida da vossa amiga blogger, que resolveu enfiar dentro de um apartamento, um Gulliver, aos olhos dos seus inocentes e inofensivos felinos, que mal, cruzaram a vista com semelhante ser, resolverem, literalmente, dar à sola e esconderem-se de forma tão precisa e eficaz, que aqui, a je, chegou a pensar que se tinham evaporado.

Foi uma cena e tanto, que tive de criar duas secções dentro de casa, uma para o Gaspar e outra para os pequenos, a tal ponto, que hoje de manhãzinha, quando o fui passear, tal foi a excitação, que me esqueci da porta de acesso à secção canina, com serventia directa à varanda, totalmente escancarada.  

Imaginem só o meu semblante quando regressei e me apercebi da linda asneira que fizera. Resultado, três gatos a sarandear pelo corredor que percorre todo o bloco e prestes a perdê-los de vista.   

Escusado será dizer que tive de fazer uso de toda a minha sedução para os conseguir convencer a regressarem à segurança do lar. Acabei por conseguir, depois de algum esforço e descobri que uma das gatas, que pensara ter fugido, se escondera em cima da caldeira e de lá não mais saira, espreitando, de vez em quando e sorrateiramente, com um ar aterrorizado.

Conclusão: um dia forçado de férias e estudo profundo das melhores e mais eficazes estratégias, para o saudável e seguro convívio, dos próximos dias, que se adivinham agitados :) 

Esmy 



quinta-feira, 8 de setembro de 2016

C. e J.



C. tinha apenas dez anos, com maturidade acima do esperado, menina de olhos doces, de um azul cinza raro, de pele cor da neve, com o rosto pintalgado de sardas e um cabelo fino, mas com brilho a oiro, características que tornavam singular a sua beleza, rara por aquelas bandas, num local recôndito, com vales e montanhas, pejadas de pinheiros e flores silvestres de cores suaves.

J. acabara de regressar de África, para onde fora atirado ainda um infante e regressara do alto dos seus 17 anos, já semi adulto e sujeito às maiores provações. Era altariqueiro, desengonçado, de pele morena e olhos castanhos, expressivos e discretos, mas que não passavam inócuos ao olhar mais perscrutador.

C. não lhes resistiu, mas negou-o com todas as forças, apelidando-o de terrorista e fugindo-lhe desesperada, sempre que com ele se cruzava. Ele observou-a discretamente, desde o primeiro dia que lhe colocou os olhos rapineiros e não mais a perdeu de vista.

J. deleitava-se com o seu cheiro a flores de jasmim, sempre que por ela passava e cerrava os olhos, já cegos de paixão juvenil, enquanto lhe imaginava a suavidade do toque e a aceleração descontrolada do coração, que prometera não evidenciar.

Desconhecia-lhe a idade pueril, já que a altura acima da média e a sua impertinência o fizeram crer tratar-se de uma menina-mulher, que veio, para sua decepção, a constatar mais tarde, tratar-se de um amor proibido, mesmo no decorrer dos anos setenta. 

C., menina persistente, apesar da negação exterior, marcou-o no coração e disse para si mesma, que J. iria ser seu e que demorasse o tempo que fosse necessário, se casaria com ele e faria dele o homem mais feliz à face da terra. Encantara-se por aquele olhar penetrante e misterioso, pela sua discrição e pelo seu jeito desajeitado de ser, que lhe arrebatava, nos seus mais íntimos pensamentos, sorrisos bobos. 

C. e J. dariam início à mais bela história de amor passados 4 anos, desde a primeira vez que os seus olhares se cruzaram, ela com 14 e ele com 21. Enamoraram-se, fizeram juras de amor e quando já mais nada havia a fazer, senão unirem os seus caminhos, J. pediu a sua mão, como exigiam os costumes.

A união deu-se num belo e soalheiro dia de verão, em meados de Julho, C. com 17 anos e J. com 24 não tiveram dúvidas sobre o passo que estavam prestes a dar e decorridos que são 35 anos continuam unidos, pais de três filhos, mas acima de tudo companheiros e inspirados pelo amor que os uniu.

São um exemplo, uma fonte de inspiração e de cumplicidade de almas distintas, mas que se complementam nos mais ternos gestos, exibindo os mesmos sorrisos de outrora e que eu tanto aprecio observar.

Que o vosso amor seja sempre repleto de cores resplandecentes e que as nuvens cinza sejam bloqueadas pela vossa energia única, meus queridos tios.

Esmy 


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Por acaso





Foi também por acaso que me veio cair nas mãos... Deixo-vos, com votos de uma excelente noite, na companhia desta belíssima descoberta de hoje.

Esmy

Fade in to you




A neblina matinal impedia-a de prosseguir caminho pela ponte inacabada. Quem a criara, em sua defesa, fora ela, porque não desejava cruzar-se com aquele rosto aparentemente tranquilo, que um dia apagara das suas memórias...

Esmy 

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Setembro






Setembro aproximou-se vertiginosamente e chegou de mansinho, disfarçado de calor e pores-do-sol de cortar a respiração. 

Ela não o desejava, preferia assinalá-lo na agenda, como um futuro longínquo. Aquele mês era sinal de fumaça, de verão inacabado, de dias curtos e noites frescas, mas aquele misterioso resolveu entranhar-se na sua alheada existência, sem aviso prévio, sem que ela o percepcionasse, nem o tivesse convidado a entrar na sua casa de cores quentes e vibrantes.

Não lhe desejava mal, mas suplicava-lhe distância, quando lhe começava a sentir o gosto ardiloso das falsas sensações.

Conhecia-o pela transição, pela passagem subtil, sem aviso prévio, apenas o desejo de que se demorasse mais do que podia, uma vez que ainda não era capaz de encarar de frente os dias encurtados, a queda das folhas, os tons alaranjados da estação que iria dar à luz.

Preferia não ter de lhe desgostar o cheiro, esconder-se algures, mas no fundo tinha a convicção de que o melhor era preparar o espírito e o corpo para a necessária transformação...


Esmy 

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Viajar

Tenho fascínio, desde que me conheço, pela descoberta de novos lugares, espreitar novas culturas e pela adrenalina própria e presente nos dias, que antecedem cada viagem que faço.

Posso dizer que se pudesse e o "tempo" me permitisse, correria o mundo sem medos, nem final à vista, tal a sua imensidão.

Preparo meticulosamente cada viagem que faço e quem habitualmente me acompanha deixa ao meu critério todas as escolhas necessárias, dizendo-o, muitas vezes, em tom de graça, que caso me vier a fartar do que faço, terei emprego garantido na programação de viagens à medida.

É de facto algo que me dá um prazer imenso e já o fiz para alguns amigos, passando horas a investigar profundamente cada um dos destinos, que decido conhecer, mesmo que não os venha a concretizar de imediato. 

Acreditem, mas já tenho dois roteiros completos de duas viagens, que penso fazer, quando a oportunidade chegar.

A sensação que sinto na descoberta de cada um dos destinos, ainda que virtualmente, nunca dissipou o prazer da novidade, dos cheiros que se sentem, do desconhecido que se mantém, uma vez que só a presença física nos permite a proximidade e a vivência de emoções, que retemos para sempre na nossa alma e memória.

Ainda hoje recordo cada um dos locais por onde passei, os rostos daqueles que conheci, o cheiro a maresia e a terra queimada, imediatamente antecedida de uma chuva intensa, o contato com a natureza em estado puro, a interação com animais, que sempre fizeram parte do meu imaginário.

Considero-me uma privilegiada, uma vez que já arrecadei algumas experiências, que me marcaram e me acrescentaram conhecimento.

Esta é uma das minhas facetas, acabo de chegar de férias e já penso na próxima viagem,  mesmo que ainda me reste um ano de trabalho, para que a possa concretizar.

Costumo dizer que sonhar ainda é grátis e portanto vou sonhando através das pesquisas e das anotações numa folha simples de excel.

Esmy 

Who wants to live forever




Hoje completaria 70 anos... Fica a homenagem. Continua, no entanto, vivo através das suas músicas intemporais!

Esmy

domingo, 4 de setembro de 2016

Stranger




Caiu em tentação e foi rever o que não devia... Agora, tem a certeza de que estava certa, de que a verdade é sempre o caminho. 
Sentiu saudades, mas não abdica do que conquistou e por isso não há lugar para estranhos...


Esmy 


sábado, 3 de setembro de 2016

Falhar

Falhar é certamente uma das realidades humanas, que encaramos com maior medo.

Ninguém está preparado para falhar, seja consigo mesmo, seja com os outros, no entanto falhar é muitas vezes a única via para o crescimento interior, mesmo que tal experiência implique sofrimento, ardor na alma, revolta e até negação.

Com o tempo percebemos o quanto somos pequenos, impotentes e até ingénuos nas escolhas que levamos a cabo, percepcionando tarde demais que poderíamos evitar algumas agruras, se usássemos com sabedoria a nossa inteligência emocional.

Não é menos verdade, que somos detentores desse poder, o qual descuramos em momentos determinantes, por estarmos demasiadamente centrados no acessório.

Desejamos ser felizes, muitas das vezes a qualquer custo, sem escutarmos o coração, a vida nas suas ardilosas armadilhas, que encerram o nosso destino e nos encobrem os olhos, já desatentos e deslumbrados com aparentes sensações, que mais não passam de ilusões.

Esmy 

Mary


quinta-feira, 1 de setembro de 2016