Não existem livros, orientações rigorosas, nem mapas que possam indicar caminhos que encerrem os nossos medos e os atirem para um lugar longínquo, impossível de alcançar.
Ensinaram-nos, desde a mais tenra idade, a sermos fortes, bravos e determinados e crescemos na convicção, que mais se assemelha a um herói de banda desenhada, de que somos imunes a qualquer contrariedade.
Nada mais falso, não atentarmos à pura verdade, aquela que nos grita sem dó, nem piedade que mais não passa de uma ilusão, que nos ofusca a razão e quanto mais cedo a admitirmos, menor será o dano sentido.
Aprendi, desde que caí neste mundo de gigantes, a esconder escrupulosamente o medo e a controla-lo dentro de uma caixa bem cerrada e sem fuga possível, até ao dia em que ele me tomou sorrateiramente e escancarou-me a alma, sem pedir licença. Desatei num pranto nunca visto e por momentos pensei não ser capaz de respirar, tal o impacto do confronto, que aquele monstro de boca gigante me provocava, gritando-me insuportavelmente ao ouvido, enquanto me debatia na mais dura batalha, alguma vez imaginada.
É certo que não há linha orientadora que nos salve e nos proteja, senão nós mesmos, sempre que o medo acorda de madrugada no nosso leito, nos ocupa a mente e até quando se senta connosco à mesa. É nesses momentos que lhe devemos falar com firmeza, mesmo que o corpo trema e a alma palpite e rezar para que não nos invada e tome a nossa atenção tão cedo.
Esmy