sexta-feira, 14 de setembro de 2018

O medo

Não existem livros, orientações rigorosas, nem mapas que possam indicar caminhos que encerrem os nossos medos e os atirem para um lugar longínquo, impossível de alcançar. 

Ensinaram-nos, desde a mais tenra idade, a sermos fortes, bravos e determinados e crescemos na convicção, que mais se assemelha a um herói de banda desenhada, de que somos imunes a qualquer contrariedade.

Nada mais falso, não atentarmos à pura verdade,  aquela que nos grita sem dó, nem piedade que mais não passa de uma ilusão, que nos ofusca a razão e quanto mais cedo a admitirmos, menor será o dano sentido.

Aprendi, desde que caí neste mundo de gigantes, a esconder escrupulosamente o medo e a controla-lo dentro de uma caixa bem cerrada e sem fuga possível, até ao dia em que ele me tomou sorrateiramente e escancarou-me a alma, sem pedir licença. Desatei num pranto nunca visto e por momentos pensei não ser capaz de respirar, tal o impacto do confronto, que aquele monstro de boca gigante me provocava, gritando-me insuportavelmente ao ouvido, enquanto me debatia na mais dura batalha, alguma vez imaginada.

É certo que não há linha orientadora que nos salve e nos proteja, senão nós mesmos, sempre que o medo acorda de madrugada no nosso leito, nos ocupa a mente e até quando se senta connosco à mesa.  É nesses momentos que lhe devemos falar com firmeza, mesmo que o corpo trema e a alma palpite e rezar para que não nos invada e tome a nossa atenção tão cedo.

Esmy 

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