domingo, 31 de janeiro de 2016

Equilíbrio






Perdemos demasiado tempo com aquilo que não importa e sem nos darmos conta do quanto descuramos o que realmente importa e preenche a alma.

A vida não é complacente com quem corre, mas por outro lado o tempo não pára e o grande erro é que muitos de nós nos achamos, por momentos, imortais, mas a verdade é que ele voa e o segredo reside em gerir esta dicotomia.

Encontrar o equilíbrio não é tarefa fácil e provavelmente será um dos desafios de mais difícil gestão.

Erramos e caímos vezes sem conta, para que possamos evoluir, mas não deixamos de atravessar um caminho solitário, carregado de pedras, que poderíamos perfeitamente afastar e relevar.

E é ao descurarmos de forma precipitada o que nos alimenta a alma, que reside a nossa maior insensatez...







Esmy 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Without You


Verdade


"É preciso dizer a verdade apenas a quem está disposto a ouvi-la."
 (Séneca) 

Sempre fui acérrima defensora da verdade, tanto para comigo, como para com os outros. Fui educada em prol da mesma, considero-a uma das virtudes mais nobres nos dias que correm.

Cultivam-se juízos, constroem-se falsas projecções e cometeram -se muitas vezes profundas injustiças em virtude de precipitadas avaliações.

Considero, no entanto, que cabe a todos o direito de defesa, sob pena de voltarmos aos tempos medievais em que a justiça era aferida por métodos pouco eficazes e deveras empíricos, cuja ciência, lógica e comprovação não eram sequer reconhecidas, nem tão pouco interessavam aplicar pela classe dominante.

Felizmente que os tempos são outros, mas a verdade muitas vezes é distorcida em prol de outros interesses e só quem está disponível para a analisar, estará, concomitantemente, também apto para a descobrir. 

Certo é que o tempo tem uma capacidade extraordinária, demore-se o que quiser, ele traz sempre respostas...

Esmy 



Entrega

Empenho-me diariamente em dar o melhor de mim, sou límpida como uma nascente e acima de tudo entrego-me de corpo e alma a tudo o que me proponho, mesmo ciente das agruras, que tal entrega, me possam causar.

Sem falsos pretensiosismos, não sou melhor, nem pior do que os outros, sou eu.
Quando me deixo conhecer, desnudo-me e até costumo dizer que sou transparente, sendo constantemente advertida dos riscos que corro.

Felizmente para mim, eu não vejo a interacção com os outros como um jogo e portanto admito ter sérias dificuldades em lidar com pessoas, cuja diversão é fazer desta vivência, já de si tão complexa, uma mesa de póquer. 

Uma coisa é certa, nada me deterá pelo caminho que tenho ainda que galgar e esforçar-me-ei por me manter fiel à minha essência e como não poderia dizer melhor deixo a citação de Clarisse Linspector:
         "Até onde posso vou deixando o melhor de mim...
                     Se alguém não viu, foi porque não me sentiu com o coração."

     

Esmy 


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

sábado, 23 de janeiro de 2016

Paciência

A paciência é porventura uma das virtudes menos visível aos olhos dos outros. É estruturalmente nossa, construída nas entranhas com esforço diário, com doses de ansiedade reprimida na convicção de um bem maior e de um resultado benéfico.

É sem dúvida um exercício árduo quando a nossa natureza está em constante movimento e ebulição, sabendo que um passo em falso é a destruição de um projecto.

Imagina-se, cria-se o esboço, inicia-se a construção, com todas as variáveis possíveis e imprevisíveis, idealizando, nas entrelinhas, a obra feita.

Como bem refere Rosseau " A paciência é amarga, mas o seu fruto é doce." E não existe nada mais desagradável do que trincar um fruto acre...

Esmy 




Alma mater


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Sometimes it hurts


Comunicação

Nasci no seio de uma família numerosa, simples, mas onde fui sempre muito acarinhada. A primogénita e primeira neta do lado materno.

Cultivei desde cedo o deslumbramento pela comunicação e interacção  com os outros, o que comprometeu logo nos primeiros anos o meu percurso escolar, já que, não raras vezes fui chamada a atenção, nas aulas, por falar mais do que devia, não obstante este pequeno percalço se vir a revelar mais tarde uma mais valia e uma ferramenta de extrema utilidade e que ainda hoje utilizo como uma das minhas bases de trabalho, para além da minha formação académica.

No meu contacto diário com as pessoas apercebo-me das suas vulnerabilidades, solidão, mas também da sua rudeza, soberba, arrogância, falta de educação e necessidade de auto afirmação.

Tenho por principio, não obstante ter funções, que me permitiriam enfiar-me um dia inteiro num gabinete, interagir com o público, porque como já dizia a minha avózinha para saber mandar é preciso saber fazer e quando o cerco aperta há que arregaçar as mangas.

Certo é que as histórias são muitas e deparo-me com situações de todo o tipo, desde a senhora histérica, que acha que por começar a gritar vai ter o que  quer, porque o que ela diz é que está certo e nós somos uma cambada de imbecis, ou então "Eu sou Professor Universitário e tenho mais que fazer do que estar aqui à espera, porque tenho que ir dar uma aula".

E depois temos as derradeiras situações, que nos deixam sem palavras e que nos fazem acreditar que vale a pena continuar e que estamos no caminho certo, como a que a passo a descrever.

Certo dia, foi-me encaminhado um jovem, visivelmente consternado e que necessitava, dadas as circunstâncias pessoais, de ser atendido de imediato, no entanto ainda tinha pela frente pelo menos uma hora de espera. Face à sua situação, expliquei-lhe que o máximo que poderia fazer, seria expor a sua situação publicamente e apelar ao bom senso dos restantes utentes para que o deixassem ser atendido, o que veio de facto a ocorrer.

Passado uns meses fui chamada para me dirigir ao balcão porque estaria uma pessoa a aguardar para falar comigo. Quando me aproximei vi o mencionado jovem, que me perguntou se me lembrava dele, não o tendo, confesso, de imediato, reconhecido.

 Mencionou o episódio passado e com emoção perguntou-me se me podia dar um beijo como forma de agradecimento por tudo o que tivera feito por ele, naquele dia e que continuasse a ser a boa pessoa que era, que sem o conhecer de lado nenhum o tentei ajudar.

Confesso que os meus olhos raiaram por momentos e por instantes esqueci muitas das insolências que tanto eu, como todos aqueles, que comigo trabalham, ouvimos por vezes, quando, na verdade, o que tentamos é dar o melhor de nós.

Esmy

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Falta de senso

Ainda me espanto ao fim destes anos com a crueza, a falta de respeito e encaro com estupefação a falta de senso de pessoas, que pela sua idade e estrutura intelectual teriam superior obrigação de refrear os seus impulsos, mas concluo, infelizmente que, ou lhes faltaram umas boas palmadas na altura certa, ou então necessitam urgentemente de um bom aconselhamento na área da saúde mental, o que a meu ver, não é vergonha nenhuma.

Sendo assim, só espero que possam um dia pelo menos perceber do alto da sua soberba, ao ridículo a que se sujeitam, e o quanto são miudinhas...

Esmy 

Detalhes

É nas pequenas coisas, naquelas que parecem irrelevantes, invisíveis aos olhos menos atentos, que se descobre afinal o fundamental e o maior dos tesouros...

Esmy

domingo, 17 de janeiro de 2016

Sonhar

Gosto de sonhar, aliás o sonho sempre fez parte da minha existência e desde que me reconheço como ser deste mundo frenético.

Tenho, porém, a consciência, que é a realidade que me conduz, que me realiza, mas por favor deixem-me  sonhar, sob pena de me sentir uma inútil num mundo, já de si tão mesclado de cores que nem sempre são as minhas.

Reconheço, igualmente, que sou uma sonhadora impaciente, frenética, ávida de aventuras e experiências, mas indubitavelmente com os pés bem assentes na terra, quando as matérias a que sou chamada, assim o exigem.

Porém, guardo em mim uma certeza, se o tempo não me trair, não serão as rugas que me irão impedir de ser uma eterna sonhadora...

Esmy

sábado, 16 de janeiro de 2016

Um céu estrelado

Um céu estrelado
Os conduziu
Num caminho sem regresso
Onde os segredos
Mais bem guardados
Foram as chaves
De ambos
Que os desvendaram

Esmy

Experiências

Lembro-me das palavras de uma saudosa colega no seu último dia de trabalho, que de forma carinhosa me transmitiu que nada sabemos, que a cada dia nos podem surgir puzles a decifrar e que nesta vida não somos mais do que um conjunto de experiências diárias. Viver e aprender até morrer, disse ela de forma sorridente.

A questão passa a meu ver, não só pelo que vivenciamos, mas pelos frutos que colhemos, sempre que nos deparamos com novas versões dessas experiências passadas.

Muitos não são capazes de retirar benefícios, porque estão demasiadamente centrados em si próprios, nos seus lamentos e mesmo nos momentos de maior alegria não têm de igual forma a capacidade de se libertarem do seu ego e partilharem a euforia com os outros.

E não existe nada mais libertador do que a partilha, seja ela nos dias mais quentes, como naqueles em que a penumbra apenas está presente...

Esmy

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O encontro

Era um dia como tantos outros quando se olharam pela primeira vez. Ela, irritadiça, aguardava impaciente a sua vez, numa qualquer fila de uma loja, enquanto ele, calmamente, enquanto pagava, tecia considerações sobre o embrulho que acabara de adquirir.

Ela não sabia, mas ele observava-a em silêncio, imaginando cenários e histórias a seu respeito, enquanto se deliciava com o seu jeito energético. E sem perceberem estavam destinados a encontrar-se e a perderem-se um no outro.

E mais tarde, encararam-se como se uma linha invisível os tivesse conduzido um ao outro, enquanto trocavam olhares e sorrisos discretos, certos de que não terminara ali a sua história.

E ela guardou desse dia uns olhos de lince que a hipnotizaram numa dança de brilhos. E ele o seu sorriso envergonhado, meio sem jeito, de uma mulher já feita.


Esmy

Quero ser o teu sol...

Quero ser o teu sol, 
Em todos os teus dias nublados
E com a minha alma,
Cobrir de cores quentes 
O teu ser,
Quero transmitir-te a paz que almejas,
Sabes onde me encontrar,
Pelos caminhos perdidos,
Por entre as nuvens ,
Que teimam em permanecer,
Serei a luz que procuras
E com o teu toque,
Rendo-me e deixo-me ficar...

Esmy

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Humanidade

Lia, um destes dias, algo sobre o facto de haver frio dentro das pessoas e não pude deixar de concordar, ainda que contrariada, que há cada vez menos humanidade, menos entreajuda.

Falta, na verdade,  humanidade nos gestos mais simples e singelos e por mais que tente alcançar e compreender, não consigo aceitar a falta de compaixão pelo outro.

Não quero acreditar que sou a minoria, mas as evidências que me caiem diariamente nas mãos são avassaladoras e preocupantes. A falta de sensibilidade e de tato é de tal ordem que por certo quem sentiu o frio de outrem, se questionou se algum dia aquele coração ardeu de amor e transferiu a sua energia empolgante. Muito provavelmente não...

São cada vez mais os rostos sombrios, apagados e sem vida que se cruzam na minha vida e a quem sempre que posso, esboço um sorriso e ofereço um pouco do meu tempo. Apreendo almas solitárias, com sede de conversas, que se esmoreceram com o tempo, porém, esse maldito tempo continua a correr desenfreadamente e os já idos, bem férteis em diálogos, transformaram-se inevitavelmente em monólogos forçados...

Lamentavelmente esta já não é uma verdade reduzida à velhice, mais propensa à solidão, mas igualmente a outras faixas etárias.

É certo que os tempos são outros, mais acelerados, mas onde vive a bondade?

Esmy