quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

366 oportunidades

Mais um ano termina e 366 novos dias se aproximam rapidamente... Por estes dias damos-nos conta do quanto ficou por dizer, concretizar e prometemos mais uma vez, repetidamente para não esquecer, que iremos fazer e acontecer...
Convenço-me, no entanto, que as promessas caiem em vão e que cada dia é uma oportunidade para tentar ser melhor. Que o caminho a percorrer passa por promessas que deveremos fazer ao longo de cada dia da nossa existência, sob pena de nos reduzirmos...
Cabe-nos aproveitar cada dia, cada fecho de um ciclo e cada recomeço como algo inevitável e sem pressa de nos demorarmos.
Que a força de acreditar não se espante e não me fuja pelas mãos e que cada um dos dias do ano que se aproxima me façam crescer interiormente e que aqueles que são fonte de luz me iluminem e me acompanhem!
Bom Ano!

Esmy

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Natal

Não gosto particularmente desta época do ano, desde logo, porque já não me revejo naqueles sonhos de menina, que acreditava no Pai Natal, em fadas e duendes e esperava ansiosamente a meia noite de um dia chamado Natal. 

E não aprecio, de todo, o frenesim e electricidade absurda daqueles que, apenas por momentos, se lembram de gestos singelos e gentis.

Tenho o hábito de dizer por estes dias que, por mim, os mesmos poder-se-iam contar virtualmente e como apreciaria acordar deste quase que pseudo sonho no primeiro dia do novo ano.

Desgasta-me a hipocrisia daqueles que nada fazem por si e pelos outros durante mais de 300 dias e repentinamente se desfazem em amabilidades e afeições de toda a espécie e feitio.

Para mim o Natal significa família, amor, entrega e esperança, todos os dias da minha existência.

Resta-me hoje a alegria de um rosto de menina que me faz sorrir todos os dias e por ela mantenho-me agora desperta.

Esmy


sábado, 19 de dezembro de 2015

Reconhecimento

Era mais um dia tipicamente autunal e eu descia distraidamente as escadas de acesso ao parque de estacionamento, quase que sonambulamente, quando de forma repentina tive a precognição de algo familiar. 

Acordei daquele sono mecânico e habitual e deparei-e com uma voz e um rosto que tanto me marcara nos meus 15 anos. Tratava-se da minha mestre e querida professora de Português, que de imediato me reconheceu, mas que deixara de ver há mais de 20 anos. 

Ela continuava com aquele sorriso enternecedor, pele branca, mas um pouco entorpecida, naturalmente pelo passar dos anos. Vi nela, no entanto, alguma consternação e tristeza que não consegui de imediato perceber, mas que aquele reencontro e a troca de palavras me fez alcançar.

Era dia de greve geral dos professores e nesse dia, sem querer, fiz renascer a esperança de uma mulher que tinha dedicado, de forma exemplar, toda a sua existência ao magistério. 

Perguntou-me qual o meu percurso, porque me perdera o rastro e ficou orgulhosa com o que lhe ia contando.

E nesse dia tive finalmente a oportunidade de lhe agradecer e prestar a devida homenagem, ainda que tardia, afirmando que hoje, muito do que era lhe devia. 

Que fora com ela, que aprendera, de forma clara, a ler com alma as letras e a passá-las com técnica para o papel. 

Que ainda guardava religiosamente os testes corrigidos por si, com as suas notas laterais, assim como os textos que escrevera livremente e que ela corrigira, sem obrigação, mas pelo simples facto de sentir paixão pelo que fazia. 

Observei-lhe os olhos, repentinamente, rasgados de carmim e de um brilho que jamais esquecerei, enquanto me dizia, com a voz emocionada, que as minhas palavras tiveram, naquele dia em particular, um significado estrondoso para si e abracei-a, consciente, enquanto me despedia, de que o seu dia ficara, de um momento para o outro, ensolarado.

Esmy


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A pureza

Hoje, ouvia, deliciada, a história de uma menina que, assim que o seu pai chegara a casa, depois de mais um dia de trabalho, lhe oferecera um presente. O pai ao desfazer o embrulho, meticulosamente elaborado, apercebeu-se que dentro da caixa, que dele saíra, nada se encontrava. De imediato questionou a pequena, afirmando "Mas, Leonor, não há nada dentro da caixa!" E nesse momento, a sua menina, com aquele ar de candura, deu a mais bela e singela das respostas, dizendo-lhe de forma peremptória "Tem sim, papá, está carregada de beijinhos e de carinhos meus!"


E dei comigo a pensar que, numa época, em que se premeia o consumismo desenfreado, ainda há esperança. Que aquela criança, de forma tão espontânea e sublime surpreendeu aquele Pai e até a mim. Que a beleza reside nos pequenos gestos, no carinho e na entrega, já tão rara de encontrar nos dias que correm. E, acima de tudo, este belo episódio arrancou-me sorrisos, fez o meu sangue circular com frenesim até ao coração, e coloriu o meu dia de cores quentes. 
Esmy

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Amor incondicional







Tenho saudades da minha querida madrinha, dos seus afagos, palavras gentis, da sua letra redonda e da sua astúcia e inteligência no uso das palavras. Foi com ela que aprendi o significado de bravura, de determinação, de persistência, que também, outrora, transmitira à minha mãe, na sua educação, ainda que austera, digna de se lhe tirar o chapéu, tendo em consideração a sua acanhada escolaridade.
Recordo, com nostalgia, o seu riso fácil, as suas gargalhadas contagiantes, o seu amor incondicional pela minha mãe, por mim e pelo marido, que de forma abrupta lhe foi roubado, sem que aquela história tivesse sido alimentada, como ambos mereciam. 
De igual forma, ainda guardo em mim o seu alvitre, quando me dizia que o mundo estava empestado de homens cínicos, dissimulados e de pouca confiança. Que a honestidade era acima de tudo uma força maior, pela qual nos deveríamos reger, tanto para connosco, como para com os outros.
Guardo os seus ensinamentos como um tesouro de grande valor, do qual não abro mão. 
Creio, que me quis proteger das forças, que segundo, ela, eram malignas e facínoras, sem que entendesse que ao longo do meu caminho necessariamente me cruzaria com elas e de igual modo, sem se dar conta, ela própria, com os seus ensinamentos, me protegera dos seus efeitos.
Guardo-a no coração e recordo-a todos os dias, desde que partiu...

Esmy

O começo...


Inicio esta aventura, certa da responsabilidade que tal ato acarreta. Afastei-me, há alguns anos, por motivos vários, da exposição através das palavras, mas não do sentimento próximo que sempre tive por elas. Estiveram sempre presentes, quanto mais não seja, nos pensamentos que me invadem logo pela manhã quando acordo, ou até quando me deito. Trespassam-me a mente como setas, que muitas vezes me fazem mergulhar num mundo só meu, muito meu, mas que esqueci como se partilhavam. 
Principio aqui, meio que a medo, com as inseguranças próprias de quem se aventura, num mundo que desconhece, mas que tem avidez de averiguar.
Agradeço a todos os que me motivaram e acredito que um certo céu estrelado me conduziu de alguma forma até aqui...

Esmy