sábado, 28 de maio de 2016

Nonó

Estão a completar-se 26 anos desde que te vi pela primeira vez. Éramos as caçulas de uma turma de adultos, duas miúdas cheias de sonhos e de fantasias. 

Desde esse dia, nunca mais nos abandonámos, e embora com ausências forçadas ao longo do nosso caminho, estivemos juntas nos momentos mais marcantes da nossa existência.

Recordo,com sorrisos nostálgicos, o grupo dos quatro a estudar, acompanhados pelo calor da tua lareira. 

Sempre admirei em silêncio, a tua inteligência, a tua tranquilidade, a tua dedicação à família , excepto os teus recorrentes atrasos (risos) sempre que combinávamos algum encontro.

Eu, era muito mais imatura e mesmo assim tu admiravas a minha persistência e bom senso, que eu relativizava frequentemente.

Cresci contigo, foste acima de tudo uma irmã, amiga incondicional e certamente que houve momentos em que te desapontei.

Dizem que as almas se reconhecem e a verdade é que não precisávamos de falar, porque um simples olhar valia por mil palavras. 

Ainda me recordo, quando estiveste a realizar um sonho por terras africanas e mensalmente te ligava para matar saudades e saber de ti. 

Quis à época poupar-te de um acontecimento, que apenas te criaria ansiedade e resolvi que, tendo em consideração a proximidade do teu regresso, não se justificava fazer-lhe referência, uma vez que nada poderias fazer e eu estava a aguentar-me bem, quando repentinamente me surpreendeste, com um voz serena e me perguntaste com firmeza "que aconteceu?".

Senti, naquele momento, água salgada a escorrer-me pelo rosto e pensei " Isto sim é uma verdadeira amizade, é pura cumplicidade ", que nunca deverei deixar escapar.

Regressaste e muito aconteceu. Continuas a ler-me como poucos conseguiram, conheces-me profundamente e já foste o meu pilar espiritual em muitos momentos da minha vida.

Nenhuma amizade é perfeita, mas fazes-me falta e quero que saibas que estarei sempre do teu lado, mesmo que nem sempre presente.

Obrigada por fazeres parte da minha vida, minha querida Nonó...


Esmy 



7 comentários:

  1. Tive uma Nonó dos 14 aos 30... saí do Algarve e vir para Lisboa ditou o afastamento. Por ser homem, talvez fosse menos sensível a essas coisas mas por vezes sinto falta dos seus conselhos.
    beijinho

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    1. Nada como lhe ligares! Amigos assim há poucos. Beijinho

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    2. Penso que ficou tanta mas tanta coisa desconectada que era impossível um "como estás?, eu já acho estranho desejar feliz natal ao invés de ele ser a "prenda mais cara"...

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  2. Neste mundo egoísta onde a "competição" é uma marca incutida, cada vez mais cedo, na personalidade dos jovens, como um meio de sobrevivência, não é fácil encontrar alguém que esteja atento aos problemas dos outros. Amigos assim, deviam ser preservados para o resto da vida. Mas a vida cada vez nos afasta mais uns dos outros... :/

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    1. É verdade e somos tantas vezes postos à prova, mas quando há sentimento nada nos afasta, quanto mais não seja dos nossos pensamentos, quando não é possível a presença imediata. Beijinho

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  3. Amizades assim temos de as aproveitar... Livrem-nos das falsas...

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