domingo, 5 de junho de 2016

Abstração

Hoje visto-me com cores que brilham, tal como a minha alma e saio porta fora, sem destino, ou caminho definido. 

Deixo-me levar pela brisa que acarinha o meu rosto delineado e maquiado com cores discretas e inspiro deliciada os aromas que me levam para outra dimensão, cerrando os olhos para vivenciar em pleno aquele momento mágico, que se traduz em sorrisos estonteantes e adornados, por sensações perfeitas de puro prazer. 

Desejo do fundo do meu ser a cristalização daquele momento e abstraio-me de tudo o que gira em meu redor. Expiro apenas o que não desejo e propositadamente ensurdeço e cubro-me de silêncios intercalados, com a minha mente fogosa em total agitação e trinco delicadamente os meus lábios, enquanto os meus cílios se ressentem com a luz excessiva do sol radioso que se mostrou.

Escuto, inebriada, os sons da poluição sonora, dos gritos pueris e das vozes daqueles que passam, sem darem por mim e apenas por momentos e inevitavelmente me desconcentro.

Não me interessam as suas conversas, os seus trajetos e possíveis problemas, mas tão só, o prazer de me deixar levar por aquele momento tão meu, tão íntimo e dificilmente traduzível em palavras.

Regresso ao meu estado inicial e sento-me no primeiro banco que encontro, abrindo as asas e pousando os meus pertences, de forma a evitar companhias indesejáveis. 

Coloco os meus óculos de sol e observo absorta a paisagem que me enfrenta e que eu amo profundamente e deixo-me ficar ali, sem hora marcada de regresso, e ali me retenho com o coração alimentado e tranquilo e a alma recarregada de energias positivas.


Esmy 




4 comentários:

  1. Esses momentos, que são tão nossos, originam os tais comentários: "olha, aquela passou-se", quando estamos mesmo a aproveitar a vida. Está lindo o texto. Um beijo

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  2. É isso mesmo! Mas que eu me "passe" assim muitas vezes... É bom sinal. Beijinho

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  3. Fantástico este teu texto!

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