Ela sabia que nada poderia fazer para lhe recuperar o músculo, que apenas batia por ser essa a sua principal função naquele momento.
Os dias passavam-lhe como um mar revolto, em constante frenesim perante os seus olhos desatentos e ofuscados e cujo brilho, que lhes era característico morrera há uns tempos atrás, sem direito a uma despedida à altura.
Adormecera em si a tentação de sair daquela inércia, que já se empregnara na sua alma e ela própria começava a padecer da sua dor, sem se dar conta. Sentia-a como sua e sofria com os seus diálogos silenciosos, que mais queriam dizer, não estou aqui, mas algures em memórias passadas.
Ela, perdida, abria-lhe o coração e a mente na esperança de o trazer à razão e ofertava-lhe algum do seu tempo, a amizade nos mais singelos gestos e cobria-o de alento, enquanto ia ela própria perdendo os dias e as horas, sem retorno.
Ela nada podia fazer, a não ser estar presente e consciente de que nada dependia de si, mas de escutar os silêncios e respeitá-los, mesmo que para tal implicasse, sentir-se abandonada num barco com dois remos...
Esmy
Ninguém abandona tal entrega. Beijinhos
ResponderEliminarIsso é tudo uma questão de perspectiva e de vontade! Beijinho
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