sexta-feira, 10 de junho de 2016

Quando...



Quando

Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta 
Continuará o jardim, o céu e o mar, 
E como hoje igualmente hão-de bailar 
As quatro estações à minha porta. 

Outros em Abril passarão no pomar 
Em que eu tantas vezes passei, 
Haverá longos poentes sobre o mar, 
Outros amarão as coisas que eu amei. 

Será o mesmo brilho, a mesma festa, 
Será o mesmo jardim à minha porta, 
E os cabelos doirados da floresta, 
Como se eu não estivesse morta. 

Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Dia do Mar' 


A vida nem sempre é justa e diariamente somos confrontados e testados, sem que muitas das vezes, alcancemos a razão de tantas provações. 

Crescemos no ventre de uma mãe, que nos aqueceu e protegeu durante meses e um dia brotamos para o mundo louco que não esperávamos encontrar e gritamos em desespero para sobreviver e aí começamos a nossa jornada e aprendemos a viver o tempo que Deus nos destinou, cada um com o seu próprio percurso e destino.

O intervalo, esse, cada um constrói individualmente e consciencializamos-nos que podemos e devemos marcar a nossa presença, pois o nosso corpo não residirá eternamente neste mundo terrestre.

Por essa razão, aqueles que ficam, quando um ser que amamos incondicionalmente parte para outra dimensão, terão sempre o caminho e o seu percurso inspirado, por aquele espírito de luz que partiu, mesmo que precocemente.

Dedico estas palavras, a si, Fernanda, que sei que vai encontrar coragem, luz, perseverança e acima de tudo muito Amor, porque o seu menino estará sempre presente na sua vida.

Esmy


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